quarta-feira, 30 de março de 2011

Uma mãe e tanto...



Hoje vou falar de uma outra mãe e outros filhos.

Tenho acompanhado vários blogs de mães, e normalmente, essas mães repartem em seus posts seus anseios, problemas e medos, principalmente, quando seus pequenos ficam doentes, ou estão com problemas. Eu mesma apesar de ser uma "recém-blogueira" já compartilhei aqui meus problemas na gestação da Natália, minhas preocupações com os pediatras, amigos invisíveis etc.

E é por isso, que hoje, vou pedir para cada mãe blogueira e internauta se imaginar no lugar de uma mãe, que há 29 anos, teve do pediatra da sua filha, a notícia de que ela tinha luxação congênita do quadril. Há 29 anos ninguém nem sonhava com googles e pesquisas online, nem com blogs onde todas se ajudam e mandam mensagens de carinho e orações. A única fonte de informações eram os médicos (até acho que isso não é tão ruim não... achamos que porque digitamos um termo no google, lemos meia dúzia de resultados, já nos tornamos mais especialistas do que os próprios médico... mas também, por outro lado, é muito bom poder estar bem por dentro do que está acontecendo... puxa, essa uma discussão boa, hein?? Acho que não tenho uma opinião bem definida sobre o assunto...). Enfim, voltando àquela outra história. Essa é a história da minha mãe! Quando eu tinha quase 4 meses, o médico viu que eu tinha uma preguinha a mais numa das duas pernas (não lembro na qual e minha mãe está viajando e não vou incomodá-la para perguntar isso...) e na hora mandou que minha mãe me levasse para fazer um raio-x. O resultado vocês já sabem. E aos 4 meses de vida, eu fui submetida à uma cirurgia de também nem sei quantas horas, para que os médicos encaixassem a cabeça do fêmur no lugar dela. E o pós operatório é que foi o problema. Depois da cirurgia, eu aos 4 meses fiquei engessada, da cintura para baixo, com uma trave afastando minhas pernas, por mais quase cinco meses. Na época, não existiam fraldas descartáveis a preço de banana como hoje. A única fabricante, no Brasil, era a Johnson. E meus pais, tiveram que vender o fusca que eles tinham para comprar pacotes de fraldas direto da fábrica, porque não havia como colocar fraldas de pano nem calcinha de borracha. E não tinha como me dar banhos, nem vestir bodys e tiptops. Só podia usar vestidos. E pensem no calor!! Eu nasci em julho, fui para o gesso em novembro e tirei só em março. Passei o verão TODO engessada!!! Imaginem o cheiro, não tinha como lavar meu bumbum, só limpar com toalhinhas (porque também não havia lenço umedecidos como hoje)!! Claro que o gesso era trocado com frequencia, mas também é claro que não era diariamente nem semanalmente!! Ao todo, meu pai disse, que eu troquei de gesso só 3 vezes. Nas outras visitas ao médico era para firmar mais ou alongar. Quando meu pai tirou meu gesso, eu estava com as pernas tão finas quanto meus braços. Pensem que aos 4 meses, um neném está começando a se virar para cá e para lá, está começando a sentar. Tudo isso, eu ainda não fazia. Quando saí do gesso, aos 8 meses, eu ainda nem sentava!!! E olha que com tudo, eu andei com um ano e um mês!! Mas sei que tudo não foi nada fácil, principalmente para minha mãe. Quando eu estava esperando a Natália, com todas as dúvidas e medos, e medo de que o que quer que ela tivesse que passar, medo de que ela sofresse, minha mãe me disse que eu sofreria muito mais e o que me aliviava um pouco era saber com certeza que ela não lembraria de nada, assim como eu, não lembro de ter sofrido nenhuma dor nem trauma por isso tudo. Até hoje tem muita gente de fora que lembra de mim no gesso.

E quem acha que minha mãe ficou traumatizada, com medo de ter outro filho e passar por esse tipo de situação novamente , está muito errado.

Minha mãe quis ter mais filhos, e então, veio o segundo, meu irmão Rafael. No dia do parto, minha mãe com toda a dilatação esperada, com contrações regulares e cada vez menores e a barriga alta. O médico fazia força para baixo, minha mãe forçava também e nada de descer. Depois de um tempo, o médico resolveu fazer cesárea. Meu irmão estava com o cordão envolta do pescoço. Se eles continuassem tentando por parto normal, ele nasceria morto. Mas graças a Deus, os médicos eram bons e sabiam o que fazer, mais uma vez.

E ainda assim, ela não parou por aí. Teve mais um filho, desta vez, sem problemas. Tudo certinho, tirando a personalidade forte e teimosa do João Luiz!! Aí sim, ela disse: missão cumprida!!!

Mas Deus tinha outros planos para ela.

13 anos depois, em junho de 2001, numa segunda feira, meu pai liga do trabalho, perguntando se minha mãe queria adotar uma criança!! "Como assim??? Você tá louco??" ela disse.
Desligou o telefone e falou para mim e meus irmãos. Nós ficamos eufóricos com a idéia!!! Ligamos para meu pai para saber melhor. Ele disse que não sabia nada, só que era uma menina e que os pais iriam abandoná-la em Curitiba para voltar para o estado de onde tinham vindo, atrás de uma vida melhor e que a servente que era vizinha deles que perguntou se ele não queria adotar uma menininha. Minha mãe disse que essa não era uma conversa para se ter por telefone e que ele que fosse pra casa, pra conversarmos. Ele, antes de ir para casa, foi ver a menina. Chegando lá, descobriu que eram duas meninas, uma de 1 ano e 2 meses e outra de 2 anos e meio. E a mãe olhou para meu pai e disse: "O sr. pode escolher!!" Nessa hora, a menor deu os bracinhos e foi no colo do meu pai. E deitou no ombro dele. Meu pai sempre diz que soube, nessa hora, que não tinha volta, que ela seria nossa. E ele foi para casa, com toda a dor no coração que se possa imaginar, porque ele teve que devolver a menina nos braços da mãe. Quando ele chegou em casa, minha mãe já tinha conversado com minha tia, que na mesma hora se prontificou a ficar com e mais velha. E nós queríamos a pequena. Nós nem sabíamos os nomes delas!! Meu pai não lembrou de perguntar. Na verdade, ele não sabia dar nenhuma descrição delas. Aí então, passamos a noite em claro, conversando, analisando e convencendo minha mãe. Na manhã seguinte, ninguém foi para aula, nem meu pai foi trabalhar. Ele foi no fórum, na vara da Infância, para ver se descobria como fazer para ficar com elas legalmente. A secretária informou que precisaria dos pais biológicos, passando a guarda total das crianças para meus pais, num audiência com o juiz. "Pronto, pensou meu pai, agora quando vou conseguir marcar a audiência??" E a secretaria foi verificar na agenda do juiz: "Puxa, tem um horário para hoje, as 14h, pode ser?" Meu pai nem acreditava. Voltou para casa e minha mãe ainda não tinha resolvido nada... Depois de mais ou menos 18 horas de dúvidas e incertezas, minha mãe achou que tinha arrumado uma solução: Então - ela disse para minha tia - você fica com a pequena e nós ajudamos a cuidar! Isso só gerou mais brigas e discussões!! Nós queríamos uma para nós!! E nessa hora, minha mãe tomou uma das decisões mais importantes da vida dela!!! "Tá bom, nós adotaremos a mais nova!!" Foi uma alegria só!! E lá fomos nós, buscar nossa nova irmãzinha e nossa nova priminha!! Chegamos e os pais biológicos estava lá e concordaram em ir no fórum para a audiência. Na terça feira, exatamente 24 horas depois do primeiro telefonema do meu pai, minha mãe foi mãe pela quarta vez!! A gente sempre brinca que essa foi a gestação mais rápida do mundo!!! E até hoje, meu pai diz que não sabe o que ele foi fazer no almoxarifado que encontrou com a servente que perguntou da criança. Coisas da vida.

No dia seguinte, a casa encheu de gente, família, querendo conhecer as novas integrantes, a Rebeca e a Ruth, minha irmã e minha prima, respectivamente (morávamos na quadra de cima da casa da minha tia e as casas se ligavam pelos fundos, então estávamos sempre juntos). E presentes. E roupas que não serviam mais de uma criança e de outra, que a tardinha não tinha nem espaço livre na cama da minha mãe. Imaginem vocês, que nós temos,
normalmente, 9 meses para comprar as primeiras roupinhas, banheira, sabonetes,
shampoos, fraldas, etc. Mas agora, de um dia para o outro, nós não tínhamos nada!! E no dia seguinte, tínhamos tudo!!! Mas acima de tudo, tínhamos mais alguém com quem repartir o amor, o amor da nossa mãe. O nosso amor.E assim, minha mãe teve quatro filhos. E com o mesmo amor e dedicação ela criou os quatro. E agora, ela é avó... e agora eu entendo um pouquinho melhor ela e como se fosse possível, a amo cada vezmais.

Já tinha idéia de escrever esse post, mas resolvi fazê-lo agora para aliviar um pouco a saudades que estou dela. Nós somos muito ligadas, conversamos várias vezes por dia, no telefone, no msn, no google talk, vou quase que diariamente na casa dela. Ela é a que sempre me ajuda, me responde, me incentiva e me aconselha. Antes de ligar para o médico, ligo para ela, para saber o que ela acha. Se meus filhos tossem, ligo pra ela, se aprendem algo novo, ligo pra ela, se falam uma pérola, ligo pra ela. É meu porto seguro, literalmente. E ela está viajando, desde domingo e volta na sexta. E eu estou morrendo de saudades.

Amo você mãe!!! Obrigada, porque é me inspirando em você que tento ser uma mãe melhor. E obrigada por você ser a vó que você é!!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Um mundo de magia sem fim.


O que será que se passa pela cabeça da criança, diante de tantas cores, sons, personagens, estórias e histórias dentro da televisão? Invariavelmente me pego pensando nisso.

De início, o Pedro assistia exclusivamente Cocoricó. Eram quantas vezes fosse possível, assistindo o mesmo DVD. Não aguentava mais ouvir as mesmas falas, as mesmas músicas. Ainda bem que Cocoricó é produzido pela TV Cultura, só por isso já é garantia de um bom programa para criança, além dos inúmeros prêmios em vários países da América Latina, todos por mérito de ser um excelente programa infantil. Passei a gravidez toda da Natália na base do Julio e de toda a bicharada. Até o gato que o Rodrigo ganhou de aniversário foi chamado de Julio, em homenagem ao "menino". Isso sem contar a fronha bordada pela Tia Drika, os agarradinhos comprados pela mamãe e pelo papai, o boneco do Julio, presente da Bisavó e a cadeira, presente da Tia Ninon e da Dinda...

Mas sabe uma coisa que foi muito interessante: quando a Natália nasceu, ela era muito chorona. Tinha horas que a gente não sabia o que fazer para ela para de chorar. Até que meu irmão descobriu que era só colocar ela na frente da tv, passando Cocoricó, que ela parava!!! Lembranças do útero, com certeza!!!

Depois do Cocoricó, que o Pedro NUNCA enjoou, só diminui porque começou a gostar de outras coisas também, teve Turma da Mônica, Dumbo, Aristogatas, Nemo, Tico e Teco, Pateta, Up e Toy Story. E é claro, o atual favorito que é Thomas e Seus Amigos (acreditam que eu achei uma toalha de banho do Thomas?!?!?!?)

E o que acontece, que a gente consegue perceber claramente, é a percepção que ele tem de cada um desses desenhos. No começo, ele se interessava pelas cores e músicas do Cocoricó, tanto que assistia sem parar ao DVD de Clipes. Hoje, ele já não gosta mais desse, ele prefere os que tem uma história mais elaborada. Agora, ele sabe contar toda a estória que ele assistiu, lembra algumas falas de personagens e lembra o enredo básico de todos os desenhos que ele assiste. Pega cada detalhe, que me fazem pensar: Como foi que ele se ligou nisso? As vezes, ele chega para mim, falando uma fala do Buzz ou do Thomas, encenando personagens. A parte de filme que ele mais gosta de me contar é quando no Dumbo, o dono do Circo prende a Mãe do Dumbo. Aí, ele vem, todo pesaroso, me contar que já prenderam a "Sra. Jumbo".

Uma situação engraçada que aconteceu foi quando fui à uma loja de R$1,99 e tinha uns bonequinhos dos Simpsons. Ele nunca nem tinha ouvido falar, mas mesmo assim quando viu, ele quis. Comprei para ele (mas comprei porque tinha justamente ido comprar um presente para ele e ele poderia escolher!!). Dias depois, nós estavamos na casa da vó e a tv estava ligada e passava Simpsons. Quando ele viu que os bonequinhos que ele ganhou tinham um desenho, pronto. Bastou para ele querer assistir!! É claro que não deixei né??! A cada vez que a gente vai na locadora, ele acha um DVD dos Simpsons e quer alugar. Já disse pra ele: "cresça e apareça!!"

Bom ainda poder controlar essas pequenas coisas...

Mas o fato é que toda essa repetição de desenhos, auxilia no crescimento e desenvolvimento da criança. A fase de repetição serve para dar segurança. Eles se sentem seguros, prevendo os próximos acontecimentos. E outra questão importante, é o fato dos desenhos mostrarem bem distinto o BEM e o MAL, dando assim, as primeiras noções sobre o certo e o errado e lógico, sobre bem e mal.
A importância disso tudo está no acompanhamento que nós mães fazemos. Eu sempre assisto aos desenhos com eles, sempre comento, sempre procuro uma lição importante para passar para eles. E acho que eles estão aprendendo bem....
E tem cada uma que a gente escuta. Outro dia, estava andando a pé com o Pedro e paramos num cruzamento perigoso, esperando o sinal de pedestre abrir. Mostrei para ele, expliquei que só atravessaríamos quando estivesse verde. Aí, num outro dia, estávamos de carro e mostrei o sinal vermelho, que a gente tinha que parar e esperar. Ele perguntou porque e o que aconteceria se passássemos no vermelho. Expliquei que era proibido passar no vermelho e que se nós passássemos, poderiam até prender a gente. Aí, hoje, ele assistindo Dumbo veio me dizer:
- Mãe, já prenderam a Sra Jumbo! Será que foi porque ela passou no sinal vermelho???

Só o Pedro mesmo!!!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Meu Primeiro Selo!


Recebi da minha querida amiga Lu Ivanike, um selinho para o meu blog. Meu primeiro selinho!! Nem sabia do que se tratava e como boa caloura, tive que pedir informação sobre o que é um selo para blog. E esse que eu ganhei é tão lindo e meigo. Amei!!

Me alegrou realmente, saber que meu blog faz bem a uma amiga tão querida. E mais ainda, porque a gente se conheceu há tanto tempo, mas só depois, anos depois de terminada a faculdade é que nos reencontramos neste mundo tão recluso e ao mesmo tempo tão amplo e tão divertidamente compartilhado on-line que é ser mãe e estar em casa com os filhos.

Obrigada Lu, pelo selinho e por mencionar em seu blog o meu.

Bjos!!

Infância sem Racismo


Para participar da blogagem coletiva sobre Uma Infância sem Racismo, resolvi comentar 3 casos. Dois são públicos e recentes e o outro foi uma coisa que me aconteceu, quando eu estava na terceira série do ensino fundamental.

Então vamos começar em ordem cronológica.
Até a segunda série, eu estudei no período da tarde. Quando passei para a terceira, mudei para de manhã. Cheguei na sala de aula, era praticamente como mudar de colégio. Não conhecia ninguém. E já no primeiro dia comecei a conversar com a menina que sentava na minha frente, que era uma menina de vida mais humilde (que eu só vim a saber muitoooo tempo depois, eu não me ligava em nada disso, e criança não se liga mesmo, a menos que alguém lhe diga alguma coisa a respeito). E no primeiro dia foi a única que conversou comigo. Mas com o passar do tempo, comecei a fazer outras amizades e por questões de afinidade, me aproximei mais de outras pessoas e essa menina já não era mais minha melhor amiga, apesar de sempre conversar com ela e ter um carinho especial pela minha primeira amiguinha da turma da manhã, que ainda sentava na minha frente. Um dia, escreveram no quadro algumas coisas a respeito da menina, falando do fato dela ser "pobre" dizendo que ela era suja e mais ainda, falando da religião dela (ela era de uma igreja que não permite às mulheres cortar o cabelo, então, seus cabelos desciam abaixo da cintura, para uma menina de 9 anos!). Eu estudava num colégio que apesar de ser de freiras católicas, sempre respeitou todas as religiões, e aquilo não era aceitável. E quando a professora quis saber quem tinha feito isso, começou um diz-que-me-disse e acabou que nunca se soube quem era o (i)responsável. Mas depois, a menina passou a ser alvo de tantas brincadeiras e piadas e até mesmo porque não dizer, maus tratos, que ela até mudou de colégio. Não lembro o que aconteceu certa vez, mas a culpa caiu em mim e nas minhas amigas. Só lembro de ter me defendido, dizendo que eu gostava muito dela, e não me importava com a religião dela e nem se ela era pobre, porque quando eu mudei para de manhã ela foi a minha primeira amiga. Nunca mais nos falamos. Há muito tempo atrás, vi essa menina, já mulher, com seus enormes cabelos, vendendo cachorro quente num carrinho. Não sei se ela lembra de mim, mas eu não esqueço esses episódios, e mais ainda, penso no que ela sentiu...

O segundo e o terceiro casos são bem famosos.

O segundo é sobre o menino Tan Hong Ming, apaixonado pela Umi Qazerina. O vídeo diz que eles são de etnias diferentes. No final do vídeo, lê-se o comentário:
Nossas crianças não distinguem cores. Devemos tirar isso delas?
Quem ainda não viu, veja e preste atenção na expressão do menino. É um lindo vídeo.


E por último, o novo sucesso do Youtube, que é o garoto Casey Reynes, que durante anos sofreu o bullying por parte de seus colegas de escola, até que, não suportando mais, revidou e virou um herói. É realmente emocionante a entrevista com o menino.
E nos coloca frente a um novo termo: Bullying.


Eu acredito que a criança não nasce tendo preconceito contra esse ou aquele tipo de gente.
Não vejo na minha família preconceito contra nada nem ninguém. Temos tantas etnias diferentes em nosso sangue... Somos uma grande miscelânea de raças (estou falando de mim e dos meus filhos... meu marido só tem duas descendências, rsrsrsrs) e acho isso o máximo. Sempre brinco, quando falo meu nome completo, que tenho todas as origens possíveis e como só não tenho descendência francesa, minha mãe colocou meu nome de Ninon (francês) para não faltar nenhuma.

E quanto ao preconceito e o desrespeito quanto aos portadores de necessidades ou os deficientes, também quero deixar um vídeo postado, que vale mais do que tudo que já foi dito.


Espero ter feito um bom post. Confesso que não conseguia me inspirar, mesmo tendo lido tantas postagens tão bem escritas sobre o tema.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Problemas que a gente nem imagina...

Ontem, quando resolvi escrever sobre os trens e sobre o quanto o Pedro os adora, eu tive a "brilhante" idéia de fazer um clipe da música "O Trem das Sete", do Raul Seixas, com imagens de trens, que inclusive eu incluí no meu texto. Antes mesmo de começar o clipe, eu ouvindo a música, percebi que ela tinha uns trechos meio estranhos, falando de Deus, do Mal de braços e abraços, de anjos e guardiães. Tanto que nem escrevi a letra da música, uma legenda. Na minha ingenuidade, achei que o Pedro nem prestaria atenção à letra... ficaria simplesmente fascinado com as lindas fotos de trens que encontrei na internet... e mais ainda em se ver junto à essas fotos...
Então... hoje de manhã, ele acordou falando do trem mal, que vinha de braços abertos do céu que não é mais o céu que você conheceu... ele ficou impressionado com a letra da música!! ninguém comentou nada sobre isso com ele!!! E hoje de manhã, eu nem tinha mais falado nada do clipe, ele dormiu ontem a noite, numa boa, a noite toda em sua cama e hoje, acordou falando justamente das partes estranhas da música, sem entender porque céu não era mais o mesmo...
E aí?? Como fazê-lo entender o que nem eu mesma entendi, numa letra "meio" viajada?? Escolhi a música porque fala do trem, nas montanhas... achei que para ele, o final da música não significaria nada... que na verdade ele nem daria ouvidos.... mesmo depois de ter ouvido, sem exagero, umas 10, 12 vezes...
Mas também, o que esperar de um menino que em uma semana quase decorou o livro d'O Menino Maluquinho? Sério, ele quase recita o livro todo para mim.... ele é muito ligado em tudo... presta muita atenção ao que falam perto dele, a tudo que ele escuta. E eu achando que ele se encantaria com as fotos apenas.
Pior, é que ele está na fase dos Porques e então, tive que esmiuçar a música, tentando dar a ela um significado mais bonito... tive que inclusive explicar pra ele o que é o mal... aí, né, coloquei até palavras na boca do Raulzito, dizendo que ele disse que Deus e os Anjos vem descendo das nuvem entre as brumas para livrar a terra de todo o mal.... e o que ele me respondeu?
- Mãe, eu não ouvi essa parte da música!!
Eu mereço!!! Mas, filho, é isso que ele quer dizer, que Deus, vem no mundo para tirar o mal e as pessoas serão felizes.... só com o bem!!
Sei lá se colou.... liguei até pra minha mãe, pra ver se ela convencia ele de que o trem da foto não era mal, nem brabo... ele estava até com lágrimas nos olhos, tentando ser convencido....
Já estou providenciando um novo clipe para ele esquecer desse, um bem bonitinho, com uma música do Blindagem... amanhã vou editá-lo, com as mesmas fotos, mas outra música...
Espero que ele se contente!!!
E espero também que o Raulzito não venha puxar meus pés a noite por eu ter mudado o significado da letra da música dele.... rsrsrsrs

Quem quiser analisar a letra e me dar o significado, ou algum argumento para convencer o menino, fica a vontade:

segunda-feira, 14 de março de 2011

Trens...

" O Menino e o Trem"

Que pressa o menino tem

de chegar ao fim do mundo


Da janela do trem

avista o horizonte ao fundo


imagens passam num segundo

corre ao redor rio profundo


Da janela do trem

a vida vai e vem

nos trilhos desse mundo.

Ursula Avner


A melhor maneira que encontrei para iniciar esse texto, foi postando essa linda poesia, deste blog que encontrei ao acaso, mas que já virei seguidora. http://poesiasinfantisdeursulaavner.blogspot.com

Hoje, quero falar sobre trens!! A mania do Pedro, a fixação dele.
Isso começou bem por acaso... na verdade, não lembro exatamente o que nós estavamos vendo no youtube e nos vídeos sugeridos tinha uma filmagem de um trem de brinquedo, que durava mais ou menos 8 minutos, só mostrando um trenzinho andando nos trilhos. O Pedro viu aquele vídeo algumas vezes e começou a assistir todos os outros relacionados (todos eram caseiros, de trenzinhos de brinquedo, com seus trilhos montados nas salas, quartos, com pessoas falando em todas as línguas que se possa imaginar). Esses e todos os vídeos que tem no youtube de trem, a
cho que ele já viu. Então, mostrei para ele a série do Discovery Kids Thomas e seus Amigos. Virou fã. E é uma coisa impressionante. Parece que tudo chama trem agora. Onde a gente vai, ele acha um trem. E aí, começa a batalha para não comprar, ou para ir embora.

No Natal, o shopping Palladium fez a casa e a oficina do Papai Noel, como decoração. E adivinhem se não tinha um trem
de madeira, (lindo, realmente) junto com os brinquedos?? Aí, passamos a tarde todo ouvindo ele pedir por favor, para ficar vendo o trem. Minha mãe e minha sogra me salvaram naquele dia... ficaram, acho eu, que mais de uma hora, sentadas com ele, na frente daquele trem, só olhando. E ele, passou por baixo da cordinha, e foi agradar o trem, dar beijos...
Quando fomos para a praia, não levei nenhum dos trenzinhos que ele já ganhou, porque são todos a pilha, com
trilhos, etc, com medo de que estragassem com a areia. Resultado: depois de 3 dias, ele queria voltar embora para brincar com os trens dele, para assistir seus DVDs e ver os trens no youtube. E só concordou em ficar mais uns dias porque minha mãe comprou um trem pra ele lá.

Fomos levá-lo na ponte dos arcos, para ele ver um trem de verdade. Fomos 2 vezes, ficamos mais de duas horas lá e nada de trem. Então, o padrinho dele nos convidou para passarmos uma tarde na casa da vó da namorada, que é na frente de uma antiga estação, mas que passam trens o dia todo. Nesse dia, ele ficou muito feliz. O trem passou pertinho dele. Mas na correria (e correr por trilhos e pedras não é fácil) a câmera ficou no carro e eu não pude registrar esse momento...

Ele ganhou um DVD do Tico e Teco. Ele só assiste ao desenho do trem (um que o Donald monta um trem e os esquilos andam no trem e moram numa casinha, acho que todo mundo já viu esse!!!). Aluguei pra ele o Expresso Polar. Grande erro, na hora de devolver, fui a baixo de choro pra locadora (agora vou ter que comprar um pra ele...) Aí né, bem esperta, aluguei um "inofensivo" do Ursinho Puff (pra mim é e sempre será Puff, não sou da época do Pooh!!!) e:
thãran!! Tinha um episódio em que eles brincam e viajam de trem. Mais uma choradeira pra devolver... da próxima vez vou alugar um do Chuck.... acho que esse ele vai querer devolver rapidinho.... rsrsrs.... brincadeirinha!!

E agora é assim, ele ganha trens de todo mundo, já está virando coleção.
Ele ganhou uma "loucoumoutiva" linda que o Murilo e a Bruna compraram na Espanha pra ele. E agora, ele ganhou um imã de geladeira da tia Aurora que também é uma locomotiva.

E tem um, muito especial também, que ele ainda nem sabe que ganhou. O padrinho dele comprou uma passagem de trem, pela Serra do Mar, para ir para Morretes. Nem contamos para ele ainda para que ele não fique muito ansioso, ainda mais que nem sabemos ainda quando vamos. Tinhamos pensando de marcar para o fim de semana que passou, mas
devido às enchentes e desmoronamentos, não deu. Vou aproveitar essa postagem para divulgar o link com os endereços para doações para os desabrigados do litoral Paranaense.

Mas o pior, é que ele passa o dia todo, andando como um trem. Ele anda e corre, girando o braço, como se fosse "aquele negócio na roda" (e eu nem sei o nome do negócio da roda dos trens...) e eu acho que ele vai crescer com um tique disso... ahhh e ele ainda imita os sons e faz "cóin cóin"!! rsrsrs, só vendo para entender.

Então, quer agradar o moço, aniversário, Natal, Páscoa, nem que seja um trem de origami, uma camiseta com um trem estampado, ou simplesmente perguntar dos trens para ele, ele vai amar, com certeza!!! E vai ter assunto por um bom tempo para conversar com esse tagarela!!!

Fiz esse vídeo para ele. Já tive que assistir umas 20 vezes, só hoje....



Site com instruções para doação para os desabrigados no litoral do Paraná.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Luíza, a amiga do Pedro.


Pedro olha para a Luíza e diz:

- Eu não quero que você pegue o meu trem!

Depois, ele fala pra Luíza se ela também quer comer um iogurte, ou se ela prefere uma laranja ou outra coisa.

Outro dia, ele me contou que a Luíza estava braba com ele porque ela queria brincar com o Lego, mas não dava para eles brincarem porque a Natália estava acordada e a Maya (cachorrinha deles), estava dentro de casa. E outro dia também ele estava brabo com ela porque ela queria ficar brincando com a Natália e não com ele.

A Luíza já ficou triste com ele por algumas razões que agora me fogem da memória, assim como ela também já ficou feliz com ele. Eles estão sempre brincando juntos, normalmente, com os trens do Pedro. Eles conversam, riem, brigam e até se abraçam e andam de mãos dadas. Ah, e ele também dá broncas nela, porque ela esta fazendo uma gritaria e vai acordar a Natália ou então, porque ela não quer mais brincar com o trem dele e ela não guardou (como se ele mesmo guardasse tudo que pega!!)

Ele também já chamou para brincar, várias vezes, a Mônica, a Magali e até o Cebolinha. Ah, ele também brinca muito com o "filho" dele, que ele ainda não sabe o nome.

Já deu para entender quem são esses amigos, não é? São os amigos invisíveis do Pedro. No início, fiquei preocupada, sem saber o que fazer, porque várias vezes, os amigos dele querem interagir comigo. Natural, sou a mãe do Pedro, estou em casa, fazendo tudo para ele!! Almoço, lanche, janta, vendo filmes e até tomando banho, com a presença quase que constante da Luíza e do "filho" dele.

Li no site da Super Interessante um artigo sobre amigos imaginários, que me deixou mais tranquila e a vontade para conviver com eles. Quem estiver nesse barco, recomendo ler a matéria no endereço: http://super.abril.com.br/cotidiano/amigos-imaginarios-611074.shtml

O Pedro não tem amigos de verdade, as vezes, tem a sorte de ir na casa da minha tia e encontrar algum filho de amiga da minha prima ou de ir na casa da minha vó e encontrar meu priminho que tem a idade dele, aí ele brinca até não poder mais. Ou então, em aniversários. Mas até antes dele ter a Luíza e os outros amigos que eu tenho a infelicidade de não enxergar, ele dificilmente se enturmava com crianças. Passava a maior parte do tempo com os adultos. Lembro, há um ano atrás, que eu o levei ao aniversário de um primo, com cama elástica, piscina de bolinhas e tudo o mais e sabe o que ele ficou fazendo quase a festa toda? Conversando com a mãe de uma das crianças que estavam lá. E ele só tinha 2 anos e meio!! Depois que a Luíza "apareceu" na vida dele, ele passou a ser mais sociável com outras crianças. E isso foi muito bom para ele. Ano que vem, se tudo der certo, vou colocá-lo na escola. Já era para ele ter ido esse ano, mas as coisas não saíram como o esperado. Nesse meio tempo, vou criando, com a ajuda da Luíza e da Natália, artificios para ele ir treinando sua sociabilidade.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Os piores 4 meses da minha vida!!

A Natália só tem um rim!

No ultra-som morfológico de 20 semanas, realizado no dia 16 de dezembro de 2009, ao mesmo tempo que o médico me deu a melhor notícia que eu poderia receber naquele dia, que eu teria uma menina (que na verdade, eu já tinha certeza, sempre soube que era uma menina!) ele constatou um problema nos rins dela. O rim esquerdo parecia multicistico e sem função e o rim direito apresentava uma dilatação, com aspecto de vicariancia (termo usado para definir um rim que trabalha pelos dois), além de haver um cisto muito grande no cordão umbilical, muito próximo da barriguinha dela. O cisto do cordão umbilical, segundo o médico que realizava o exame, não era nada preocupante. Cistos de cordão não afetam em nada a gestação, menos ainda a saúde do bebe. Na verdade, trata-se de uma anomalia tão sem importância que não existem nem muitos estudos a respeito de origem e possíveis complicações em decorrência dele. O que realmente preocupava eram os rins. E como o médico me disse, saber exatamente tudo, só depois que ela nascesse, mas que com certeza, o obstetra realizaria mais exames para um melhor acompanhamento do caso. Eu não precisava me preocupar porque se o líquido amniótico estava normal, significava que havia função renal e que era para eu me tranquilizar que existem várias pessoas que só tem um rim e nem sabem, levam uma vida totalmente normal.

Então começou minha angustia. Saí dali e fui, mesmo sem hora marcada, direto para meu
obstetra. Estava muito perto do Natal e das férias de fim de ano e eu não podia passar nem mais um minuto sem mais respostas. Ele me atendeu prontamente, viu os exames, pegou livros para me mostrar qual era o caso, segundo as suspeitas do laudo. E me indicou uma nefrologista do Hospital Pequeno Príncipe para acompanhar minha gestação a partir de então.

A médica que me atendeu, um doce de pessoa (que é a outra pediatra da Natália que mencionei no último post) me deixou bem mais tranquila (se é que se pode chamar de tranquilidade aqueles dias.) Me explicou tudo detalhadamente, como funcionam os rins, o fato de só ter um rim funcional não alterava em nada a vida da pessoa. Me explicou também sobre as possibilidades negativas que talvez tivéssemos que passar, desde a possibilidade dela ter que passar por cirurgias logo após o nascimento para extirpação do rim, até dela ter que passar em torno de seis meses a um ano com um dreno para urinar. Mas lembrando que nada era definitivo, que com apenas 20 semanas de gestação, ninguém podia afirmar nada.

Todas essas informações me assombraram o Natal e Ano Novo e todo o tempo até que eu fosse fazer um novo ultra-som.

A outra ecografia que fiz, foi mais assustadora ainda! O mesmo médico que fez o primeiro e que era sempre tão atencioso e simpático, acordou com a macaca, justo no dia do meu exame!! Estava mal humorado e grosseiro. E eu com a cabeça a mil, com milhares de dúvidas e medos, fazendo todas as perguntas que me vinham na idéia. Até que ele me olhou e disse que ele não era especialista que eu não deixava nem ele falar, que estava fazendo muitas perguntas! É óbvio, não??!! Aí ele disse que não conseguia ver se os rins dela eram multicisticos ou policisticos. E quando eu perguntei a diferença entre um e outro ele simplesmente disse, sem nem olhar na minha cara, que se fosse policistico meu bebe morreria!!!!! Então, choradeira!!! Acho que nunca chorei tanto na minha vida como naquela hora. Parecia que estavam arrancando tudo de dentro de mim. Só então ele se deu conta do que tinha falado. Ai tentou concertar, dizendo que com certeza não era o caso, que o líquido estava normal e que isso já descartava a possibilidade de policistos. Mas se ele sabia disso, porque falar desse jeito? Mais uma vez saí dali e fui no meu obstetra. Ele me disse que na realidade, achou esse exame melhor do que o primeiro e que a Natália não corria risco nenhum.

Daí então, eu passei a fazer ultra-som quase a cada 15 dias, para acompanhar o desenvolvimento da Natália. E a cada nova ecografia, tinha-se um novo quadro de possibilidades. Sempre melhores. Em março, o médico que fazia ultra-som, o mesmo de sempre (que segundo me disseram, estava num péssimo dia justo naquele dia e que valia a pena continuar com ele porque ele era o melhor!!) comentou que talvez precisasse fazer uma cesárea com 34 a 35 semanas, para não correr riscos, para caso precisasse de algum tipo de intervenção, quanto antes melhor. Mas a nefrologista que me acompanhava descartou a possibilidade. Seria muito pior, porque rins não são como fígado, que se regeneram e porque isso poderia comprometer os pulmões do bebe. Mas até isso me tirava o sono. Pensar em ter o bebe e não poder levar para casa era um pânico para mim. Quantas lágrimas caídas nestes dias também!!
E no dia do parto, 15 de abril de 2010, com 38 semanas de gestação, já estava na sala o Dr Frauzemar, (também mencionado no post sobre pediatras), que é o neonatologista da UTI da Maternidade Curitiba, já sabendo do caso todo da Natália.

Assim ela veio ao mundo. Dentre muita angústia, dúvidas e medos, e com um cisto de cordão umbilical quase do tamanho da cabecinha dela (todos os médicos e enfermeiros no centro cirurgico se assustaram com o tamanho do cisto. Ouvi até alguém comentar que nunca tinha visto um cisto tão grande!!)!!!

Nós saímos da Maternidade no sábado e na terça feira já levei a Natália para consultar com a Dra Karen, nefrologista do HPP.

A Natália só tem o rim direito funcional, o esquerdo não tem nada de função. Ela fez exames de cintilografia, ecografia renal e uretrocistografia, sendo que destes, o mais tranquilo é a ecografia. Os outros dois precisam de contrastes, sondas e mantê-la amarrada a uma maca durante uns 20 minutos, enquanto um aparelho faz as fotos.

O último ultra-som feito quando a Natália estava com 6 meses, mostrou que o rim esquerdo já está em fase de atrofia e que não será necessário nem uma cirurgia para removê-lo.

Ela faz exames de sangue e ecografia a cada 6 meses. Só para controle, pelo menos até ela ter uns 4, 5 anos. Depois, o controle poderá ser anual.

Como disse a dra Karen, assim como toda mulher faz exames de rotina no ginecologista, ela também deverá fazer no nefrologista.

Eu agradeço a Deus todos os dias por me permitir ter minha filha em meus braços. Porque naquele dia 16 de dezembro, que eu esperava apenas a confirmação de que eu teria uma menininha para correr comprar uma roupa bem cor de rosa, a unica coisa que eu pensava em fazer era ir para casa, dormir. Quem sabe eu acordava e via que era só um sonho ruim??!! Mas não foi, era real e ela só tem um rim mesmo. Hoje A Natália é a continuação do meu sonho mais lindo!!! E juro, que cada vez que eu olho para aquele rostinho lindo, aquele cabelo cacheado eu tenho vontade de apertar tanto... meu coração dói de tanto que eu amo essas duas pessoinhas que são tudo na minha vida!!

Obrigada meu Deus, pelos meus filhos!!!